sexta-feira, fevereiro 08, 2013

O Amante da Rainha

Pelo título e pelo que pode ser visto em qualquer material de divulgação do filme, O Amante da Rainha entrega exatamente aquilo que promete. Isso significa uma qualidade apropriada em todos os elementos que fazem a graça desse gênero de filme, o de drama de época com intrigas palacianas e amores proibidos.

Concorrendo ao Oscar de filme estrangeiro, O Amante da Rainha se passa no século 18 e começa com a ida da princesa Caroline Mathilde (Alicia Vikander) da Inglaterra para a Dinamarca. Ela foi dada em casamento ao rei dinamarquês Christian VII (Mikkel Boe Følsgaard) e verá o marido pela primeira vez. Chegando à Dinamarca, em pouco tempo ela percebe o que todos suspeitam e comentam: que o rei sofre de desequilíbrio mental.

Conformada com sua vida palaciana em um país estrangeiro e com um marido ausente da vida conjugal, ela terá seu coração tomado de assaltado com a chegada na corte do médico alemão Johann Struensee (Mads Mikkelsen). Ele se tornará rapidamente o melhor amigo e a maior influência sobre o rei.

Médico e rainha se afinam por serem, secretamente, adeptos das ideias iluministas. Um ideário humanista e científico que já se espalhava pela Europa, mas ainda encontrava resistência na corte dinamarquesa. Tornando-se amantes, usarão a influência de Johann sobre o rei para colocar em prática esse ideário.

Dessa forma, o filme tem alguns dos principais ingredientes que facilitam a simpatia do espectador. Ideais nobres, paixões intensas e uma doce protagonista que sofre as agruras de sua vida. Mesmo que caia em alguns clichês de gênero, O Amante da Rainha tem o grande mérito de uma qualidade respeitável. Se não se mostra brilhante em nenhum momento, tampouco se entrega a algum tipo de mediocridade extrema.

De trama bem amarrada e com bom andamento da história, o único ruído dessa boa costura está no personagem da madrasta do rei, cuja presença e ação é muito mal articulada dentro da trama. Mas é um ruído que não afeta o resultado final.

Isso porque a direção competente do dinamarquês Nikolaj Arcel não deixa que o drama caia na monotonia. Da mesma forma, atuações equilibradas, com destaque para Følsgaard por seu rei desequilibrado e inseguro, dão ao filme a força que ele precisa. Na parte técnica, em especial figurino e direção de arte – fundamentais nesse tipo de filme –, tudo é realizado com grande competência e apuro.

Com cara de filme de Oscar, O Amante da Rainha não escorrega ou vacila naquilo que se propões como filme de época dramático. Ainda que não seja uma obra brilhante, tem no seu conjunto uma agradável textura de vigor. Um vigor que nem sempre se alcança em obras desse gênero, dadas muitas vezes a patinar demais no drama e tornarem-se cansativas.

Aqui essa armadilha é evitada com uma montagem eficaz, que dá o ritmo certo e bem azeitado nos desdobramentos da história. É o que torna prazerosa a experiência de assisti-lo.
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En Kongelig Affære
Nikolaj Arcel
Dinamarca/Suécia/República Tcheca, 2012
137 min.

Trailer

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