quinta-feira, outubro 11, 2012

Moonrise Kingdom



A tristeza e inocência dos personagens de Moonrise Kingdon, novo filme de Wes Anderson (de Os Excêntricos Tenenbauns e Viajem a Darjeeling), que chega aos cinemas nesta sexta (12), soma-se de forma inusitada à aventura de descoberta que seus dois protagonistas empreendem ao fugirem de casa.

No cinema de Wes Anderson, o fabular sempre ronda. Porém, nunca contamina em excesso o estilo particular do diretor. É por isso que a tristeza, assim como a inocência, estão aqui pinceladas com graça e delicadeza, equilibradamente diluídas em uma narrativa de sabor incomum.

Sam (Jared Gilman) tem 12 anos e fugiu de um acampamento de escoteiros. Não se sentia integrado ao grupo por ser considerado estranho pelos demais. Suzy (Kara Hayward), não tem mais que 13 anos e fugiu de casa. Não se sentia parte da família por se sentir estranha dos demais.

O ano é 1965 e ambos empreenderão juntos uma fuga em que as descobertas da puberdade serão matizadas – e construídas – em contraponto com a busca de que serão vítimas. Para encontrá-los, desfila na tela um elenco que tem Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton e Harvey Keitel. Os nomes falam por si sós.

Com seu peculiar modo de contar uma história, Wes Anderson nos entrega um filme em que a delicadeza nunca atinge tons de mesmice sentimental. Em vez disso, está sempre coberta pelo véu do improvável, equilibrando-se entre a graça do cômico inesperado e um permanente sentimento de melancolia.

Note-se sempre que na beleza dessa aventura, preenchida com uma aura mística, de memória e fantasia, nunca há a alegria. Haja ou não final feliz, resolva-se ou não o imbróglio da tristeza e desventura de todos os personagens, ninguém ri, ninguém se alegra.

Isso em nada diminui o quanto o filme é divertido. Revela apenas a natureza desses personagens, algo que fadados a suas próprias vidas, desde muito jovens. Não por acaso, a história se passa numa ilha. Nos dissabores dessa aventura e na trajetória de “escape” que a trama apresenta, Moonrise Kingdon não deixa que a melancolia corrompa as possibilidades do porvir, mas tampouco a deixa de lado, como se não fosse, sempre, também uma possibilidade por vir.
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Moonrise Kingdom
Wes Anderson
EUA, 2012
94 min.

Traier

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