terça-feira, janeiro 29, 2013

Caça aos Gângsteres


De tão esquemático e previsível, Caça aos Gângsteres parece um daqueles brinquedos de montar saído de um encarte de caixa de cereal: recorte aqui, dobre aqui, cole aqui e pronto. Na mesma linha esquemática do roteiro e da trama seguem seus personagens, que mesmo interpretados por atores de qualidade, formam um conjunto de caricaturas.

Ambientado na Los Angeles de 1949, o filme mostra o embate entre a polícia e o gangster mais poderoso da cidade, interpretado por Sean Penn. Ele é Mickey Cohen, e comanda uma rede de ilegalidade que vai de jogos ao tráfico de drogas, passando, claro, pela compra de juízes e políticos. Vendo que não pode enfrentar a organização criminosa pelas vias convencionais, o chefe de polícia, interpretado por Nick Nolte, convoca o sargento John O’Mara (Josh Brolin) para montar uma equipe secreta que deve agir à margem do sistema, sem distintivos e sem nomes.

Segue então a esquemática dinâmica, mostrando o recrutamento da equipe, os tipos peculiares de policiais que formarão o grupo, suas ações contra a estrutura da organização criminosa e as complicações inevitáveis que levará o filme ao confronto final entre os antagonistas.

Quando se fala em caricatura, não trata-se apenas de uma metáfora para desqualificar o filme, já que ele próprio abusa disso em seus personagens. Vai além do perfil de tipo e chega ao aspecto do físico e das feições.

Assim, o rosto quadrado e duro de Josh Brolin é a perfeita caricatura do policial durão dos anos 40, com sua capa e chapéu. Da mesma forma Sean Penn, com seu queixo proeminente resaltado e os vincos de seu rosto reforçados pela luz e pela maquiagem, dando um ar de malvado sem sentimentos. Nessa linha caricata segue Ryan Gosling, que faz o policial estilo “baby face”, com jeito de almofadinha e galã conquistador, cético e indiferente ao combate ao crime. Sem esquecer, claro, da dama fatal, aqui representada pela figura da ambígua (mas nem tanto) de Grace, interpretada por Emma Stone.

No quesito ambientação e personificação, Caça aos Gângsteres faz a lição de casa como filme de gênero. Tem uma direção de arte bastante caprichada. Contudo, todo esse capricho é quase por nada, já que o filme não trabalha a atmosfera da época na sua construção das cenas e dos diálogos. Assim, todo capricho da direção de arte se perde pela falta de personalidade, resultando em algo frio e insosso.

Não podendo ser levado a sério enquanto representante dos gêneros dos quais se reveste – que vai do filme de gângster ao policial noir –, Caça aos Gângsteres fica apenas como uma mimese barata de influências óbvias. Um passatempo que até pode divertir, mas acaba sendo um grande desperdício de ótimos atores e ótimos cenários.
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Gangter Squad
Ruben Fleischer
EUA, 2013
113 min.

Trailer

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