sexta-feira, outubro 07, 2011

Copacabana


 
Copacabana
Marc Fitoussi
França/Bélgica, 2010
120 min.

Em toda sua duração, “Copacabana” não tem uma única cena na famosa praia carioca. A única praia que aparece no filme é bem mais modesta em termos de sol e fama: uma estação de veraneio belga em baixa temporada. Nesta comédia francesa, o que justifica o título é a paixão que sua protagonista tem pelo Brasil; além da trilha sonora só com canções daqui.

Babou (Isabelle Huppert, com um carisma contagiante) é uma mulher de meia-idade que não consegue se enquadrar nos padrões convencionais. Dona de efusiva espontaneidade jovial, nunca deu grande importância a coisas como emprego, estabilidade ou status. Leva a vida sempre com bom humor e tem o grande sonho de conhecer o Brasil.

Sua filha Esméralda (Lolita Chammah, filha de Isabelle na vida real) é o oposto. De personalidade forte e caráter conservador, está sempre em atrito com a mãe, que julga infantil e irresponsável. Prestes a se casar, anuncia que o fará na igreja, de véu e grinalda, numa cerimônia que Babou considera careta. Mas o pequeno desagrado se transforma em profunda decepção quando a filha pede a ela que não vá ao casamento. Não apenas porque Babou não tem dinheiro para ajudar nas despesas da festa, mas também por medo de que ela a envergonhe diante de todos.

Profundamente magoada, Babou consegue um novo emprego e se muda para a praia belga de Ostende. Durante a baixa temporada, se esforça em vender apartamentos de veraneio para turistas. Está determinada a provar para a filha que pode ser responsável e bem sucedida. Graças a seu grande carisma, torna-se a melhor vendedora da equipe, sendo rapidamente promovida. Mas sua boa vontade em ajudar o próximo a faz colocar em risco o emprego, enquanto tenta se reconciliar com a filha.

Toda a situação serve de esteira para trabalhar superficialmente os conflitos de gerações, mas de forma invertida. Neste caso, a geração mais antiga se mostra muito menos careta que a juventude. Na figura de Babou, rebelde e humanitária, o filme também alfineta o competitivo mercado de trabalho, revelando uma grande falsidade nas relações profissionais.

Com leveza na interpretação, Isabelle Huppert tempera e dá sabor a um filme cuja trama não chega entusiasmar. Mas se as praias cariocas passam longe dos cenários do filme, a música brasileira presente na trilha surpreende. O repertório é de samba e bossa nova; evita os clichês estrangeiros com nossa música e investe em canções menos óbvias de Jorge Bem Jor, Marcos do Vale e Chico Buarque.

A mistura funciona bem. Especialmente quando Babou se empolga em exibir seu estranho e rígido “gingado”, mostrando que seu amor pelo Brasil está no coração, mas passa longe dos pés e da cintura.
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