domingo, junho 05, 2011

Breviário da Semana Nº 02

Um semanário muito breve.





Estreia


Dos filmes que estrearam nesse final de semana, só pude ver dois. “Estamos Juntos”, que vi em cabine e “X-Men: Primeira Classe”, que vi ontem.

X-Men: Primeira Classe
Sobre Estamos Juntos escrevi crítica completa, que pode ser lida aqui. Mas em resumo é um filme que se lança a grandes pretensões e que por isso mesmo se perde em uma superficialidade que não toca o expectador. É esforçado, mas ao querer dizer muito, acaba dizendo pouco. E de sentimento, menos ainda.

X-Men: Primeira Classe reinicia a franquia dos mutantes, que em sua primeira leva nos trouxe, além de uma trilogia (“X-Men: O Filme”, “X-Men 2” e “X-Men: O Confronto Final”), uma aventura solo de seu personagem mais carismático, Wolverine, em “X-Men Origens: Wolverine”.

Nesta nova franquia, que busca contar como tudo começou, o roteiro não é mau, a ação interessante e a relação dramática entre os dois protagonistas (Charles Xavier (futuro Professor X) e Ekik Lehnsherr (futuro Magneto) é bastante aceitável.

A temática de discriminação, aceitação de diferenças e preconceito continua lá, mas o roteiro, em alguns rumos, depõe, ironicamente, contra esses princípios. Isso tem haver com o destino do único personagem negro no filme e com a atitude de uma personagem que era, inicialmente, prostituta. O modo como o roteiro os trata (destino breve) ou retrata (caráter facilmente “distorcível”) revela uma subcamada de moralidade e preconceito típica do pensamento tacanha do americano médio. 

De resto, o filme vai bem. Destaque para a atuação de James MacAvoy como o jovem Xavier. Só uma coisa realmente fica ridícula, embora eu tenha lido – com certo esforço de boa vontade - como uma referência aos filmes de James Bond dos anos 60 (a trama se passa nesse período). O fato é que não se pode ter um vilão com submarino luxuoso. Isso não apenas é cafona como é patético, especialmente depois que Mike Myers e seu Austin Powers desconstruíram alguns clichês da luta do bem contra o mal no cinema de espionagem.



Em cartaz


Singularidades de Uma Rapariga Loura
Acompanhar a obra de um diretor que já vai pelos 102 anos de idade em plena produção, é sempre uma experiência interessante. Manuel de Oliveira, diretor português que apesar da idade não para de filmar, adaptou para o cinema da obra de Eça de Queiroz o gracioso Singularidades de Uma Rapariga Loura. Um filme curto, com pouco mais de uma hora de duração, que nos lança para os mistérios da paixão, da entrega, da fortuna e da sedução. Filmado com esmero e delicadeza, é incrível como a jovem Luísa – a rapariga loura do título – emana para a tela uma sedução inocente e perturbadora através do olhar e dos movimentos de seu leque chinês.


Com um belo atraso, fui ver Cópia Fiel, do iraniano Abbas Kiarostami. Juliette Binoche está incrível no papel de papel trocado. Ela vai de uma sutil sedução a uma amargura rancorosa com grande suavidade. O filme é um passeio e um longo diálogo entre essa mulher, que vive na Itália, e um escritor inglês que está de passagem para a divulgação de seu novo livro. O que inicialmente parece um cordialmente tenso embate de ideias sobre originalidade, mediocridade e verdade, aos poucos se revela um simulacro, um jogo de ironia, sutilezas e admoestação sobre feridas mal disfarçadas de um casamento afundado.


Para conseguir ver Minha Versão do Amor (péssimo título em português para um filme que passa longe de ser romântico), tive que ir à única sessão diária do filme ainda em exibição na cidade, no Museu Lasar Segall. Valeu o esforço. Paul Giamatti, de quem gosto muito, está impecável no papel de um homem cuja vida é marcada pelas mulheres que amou e casou. É um drama com traços cômicos, mas que trás a tragédia e a amargura da vida como real substância de sua história. É desses filmes que nos faz chorar por dentro e por fora. A mim, especialmente, o desabe ocorre na cena em que ele tenta descascar uma banana. Destaque para Dustin Hoffman como o pai de Barney, um policial aposentado sem muitas travas de comportamento e linguagem.


A Marca da Maldade
Mostras, Retrospectivas, DVD


Em casa revi A Marca da Maldade, de Orson Welles. O fabuloso plano sequência que abre o filme deve ter ensinado muito a Hitchcock sobre os fundamentos da construção do suspense. A interpretação de Welles como o policial gordo e implacável ainda é de impressionar. Para ser vistos mais e mais vezes.

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